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sábado, 14 de abril de 2012

Homossexualidade na Igreja: uma tradição medieval

Documentos do século XIV mostram que relações sexuais entre religiosos maduros e jovens aprendizes é muito mais antiga que o atual escândalo enfrentado pelo Vaticano

por Jean Verdon  



Museu do Prado, Madri
Hieronymus Bosch, O jardim dos prazeres terrenos, 1504.                                                                                  
 Apesar de perseguido, o homossexualismo esteve muito presente na Idade Média. Segundo John Boswell, autor de Christianisme, tolérance sociale et homosexualité (Cristianismo, tolerância social e homossexualismo), a prática teve uma importância no período que só seria igualada em nossos dias. Boswell atribui a disseminação do homossexualismo à renascença carolíngia, ao desenvolvimento das cidades e à CULTURA ECLESIÁSTICA.               
 Na Idade Média, o meio monástico era um terreno propício para a sodomia: a Regra de São Bento previa que os monges deviam dormir cada um em uma cama, de preferência em um mesmo local, com sacerdotes mais antigos que cuidariam deles. Os regulamentos de Cluny proibiam que os noviços ficassem sozinhos ou na companhia de um só professor. Se um dentre eles, à noite, tivesse de sair para satisfazer suas necessidades, tinha de estar acompanhado por um mestre e por outro jovem munido de lanterna.

Foi em meio a esse ambiente que Arnaud de Verniolle, subdiácono fugido das prisões da ordem dos franciscanos no século XIV, acusado de heresia e de sodomia, afirmou ter SIDO INICIADO NAS PRÁTICAS HOMOSSEXUAIS POR UM COLEGA MAIS VELHO,QUE SE TORNARA PADRE. Aos 12 anos, seu pai o colocou em uma escola de Pamiers comandada pelo mestre Pons de Massabuc para aprender gramática. Arnaud dividia o quarto com seu professor e outros jovens. “Quando eu morava naquele quarto, fiquei dormindo na mesma cama, durante cerca de seis semanas, com Arnaud Auréol. Depois de duas ou três noites que passamos juntos, ele, pensando que eu dormia, me tomou nos braços e ME PRENDEU ENTRE SUAS COXAS, COLOCANDO SEU MEMBRO VIRÍL ENTRE AS MINHAS E, COMO SE ESTIVESSE COM UMA MULHER, SE MEXEU E EJACULOU EM MINHAS PERNAS. Quase sempre, a cada noite que dormíamos juntos, ele recomeçava esse pecado. Como eu, naquele tempo, era ainda uma criança, apesar de não gostar do ato, não ousava contá-lo a ninguém, por pudor.”

 Arnaud declarou que, anos depois, sentia um mal físico quando se abstinha por mais de oito ou quinze dias de ter relações com um homem ou uma mulher. Tinha, então, experiências heterossexuais, mas uma aventura o fez renunciar às mulheres. Segundo o frei Pierre Record, encarcerado na mesma cela que Arnaud por alguns dias, o subdiácono lhe contou que “na época em que se queimavam os leprosos, ele morava em Toulouse, tendo relações com uma mulher da vida; depois de cometer esse pecado, seu rosto inchou, o que o fez acreditar que estivesse com lepra. Por isso, jurou que a partir de então nunca mais teria relações carnais com mulheres.”
 Por outro lado, Arnaud prosseguia com suas aventuras,ESPECIALMENTE COM ADOLESCENTES. Às vezes, para atingir seus objetivos, ele prometia um emprego com UM CÔNEGO HOMOSSEXUAL, como fez com o estudante Guillaume Rous. Arnaud disse a Guillaume que aquele cônego COSTUMAVA TER RELAÇÕES COM JOVENS E QUE O ESTUDANTE DEVERIA SUPORTÁ-LAS EM TROCA DO EMPREGO. O estudante disse que não havia problema, POIS JÁ TINHA COMETIDO ESSE PECADO com um professor de equitação de sua região. Arnaud, aproveitando-se do fato, propôs mostrar a Guillaume como procedia e, em troca, desejava conhecer as técnicas do equitador. OS DOIS MANTIVERAM RELAÇÕES POR MUITAS VEZES.

Para conseguir seu intento, Arnaud dizia que o pecado da sodomia e o da simples fornicação tinham a mesma gravidade. Entretanto, sabia que os padres não podiam simplesmente absolver os que confessavam a sodomia sem uma permissão especial do bispo, o que era permitido em relação à simples fornicação e ao adultério.
Guillaume, no entanto, tinha interesse em se fazer de vítima e acusou Arnaud de violação: “No início, eu recusei – contou – e fugi. Então, Arnaud me perseguiu e jogou-me em cima meu Doctrinal, cuja encadernação se destruiu com o golpe. Depois, pegou uma faca (...) correu atrás de mim, me agarrou e me levou à força ao local onde tínhamos estado antes, (...) torcendo-me o braço com uma mão e tendo na outra, a faca apontada contra mim. Depois me tomou em seus braços, tendo dobrado os meus contra seu peito, com a intenção de me levantar e me carregar até o local em questão. Não conseguindo, me tirou dali, me arrastando e me empurrando”. Arnaud foi condenado “ao muro absoluto, a pão e água, aos ferros, perpetuamente”.

O caso de Arnaud de Verniolle, longe de ser uma exceção, parece ser um exemplo detalhado de uma prática à qual uma série de documentos da época fazem alusão. Por volta de 1051, São Pedro Damião escreveu um longo tratado, O livro de Gomorra, comentando ESPECIALMENTE AS RELAÇÕES SEXUAIS ENTRE HOMENS, SOBRETUDO ENTRE CLÉRIGOS. ACUSAVA OS PADRES DE TER RELAÇÕES COM SEUS SEGUIDORES e afirmava que muitos deles, PARA ESCAPAR ÁS SANÇÕES DA IGREJA, SE CONFESSAVAM A OUTRO CLÉRIGOS HOMOSSEXUAIS.

Hildebert de Lavadin, arcebispo de Tours (1055-1133) citado por Boswell, nos fez entender que o homossexualismo estava presente entre muitas pessoas, inclusive as mais eminentes: “Inúmeros Ganimedes honram inúmeros altares e Juno se arrepende de não mais ter aquilo a que estava acostumada. O rapaz, o homem feito, o velho se enlameiam neste vício presente em todas as classes sociais”.

O meio urbano tinha um papel importante no desenvolvimento da homossexualidade. Chartres, Sens, Orléans e Paris seriam seus centros mais destacados. Os sermões dos pregadores, como os de Bernardino de Siena por volta de 1420, as discussões e as medidas tomadas pelas autoridades públicas mostravam que as cidades toscanas, em particular, eram seus principais focos. A prática era muito comum entre os jovens solteiros, pois os homens eram obrigados a contrair casamentos tardios. Como o pai nem sempre se manifestava, ausente por razões profissionais, velhice ou morte, os aspectos masculinos da sociedade perdiam seu prestígio face aos caracteres femininos de doçura e polidez inculcados pelas mães, educadoras das crianças.


As condutas não heterossexuais apareciam em apenas 0,5% das cartas de remissão. O homossexualismo excluía; constituía acusação quase sempre imputada aos heréticos. Notemos que os raros casos atestados nessas cartas eram relacionados a uma inclinação amorosa. Uma carta de 1385 declara que os parceiros tinham o hábito “de estar juntos e de se freqüentar sempre por amor, de gostarem um do outro, de jogar e se divertir sempre juntos”. Um dos dois era casado e pai de quatro filhos. Quanto às injúrias com conotação sexual, eram apenas dirigidas às relações com as mulheres. Quando não, eram utilizados termos sem relação aparente com o ato: a injúria ligada ao homossexualismo se exprimia como brincadeira, como “primeiro de abril”.

O homossexualismo, antes do século XIII, não fora objeto de condenações virulentas segundo John Boswell. Face ao amor e ao erotismo, parecia, pois, existir uma tradição cristã tolerante. Nos penitenciais– apanhado de pecados acompanhados cada um de uma penitência – o homossexualismo não tinha nenhum privilégio em relação aos outros desvios. Entretanto, São Columbano retomaria muitas vezes o tema da sodomia, pronunciando severas condenações. O monge que se deixasse levar a cometer atos como o homicídio ou a sodomia jejuaria por dez anos. Aquele que tivesse um filho jejuaria por sete anos a pão e água.

O laico que praticasse a sodomia jejuaria por sete anos, dos quais os três primeiros a pão e água, com sal e legumes secos apenas. Nos quatro últimos, absterse-ia de pão e de carne.

Repressão crescente

A condenação seria mais pesada a partir do século XIII. Um pouco antes, o conselho de Naplouse, em 1120, decretou que todo adulto condenado por ter cometido voluntariamente o pecado de sodomia seria queimado na fogueira. O III Concílio de Latrão, em 1179, previu que todo indivíduo que tivesse cometido um ato de incontinência contra a natureza seria reduzido ao estado laico ou relegado a um mosteiro, se fosse um clérigo; excomungado e totalmente excluído da comunidade de fiéis, se fosse um laico.

No final da Idade Média, uma época em que era necessário procriar nos países despovoados por epidemias e guerras, o homossexualismo foi objeto das garras da justiça. Em 1343, na região de Lyon, Mathieu de Colombetes foi condenado a uma multa de 300 florins, cem vezes mais do que a multa prevista para um concubinato.

Nos séculos XIV e XV, as autoridades se inquietavam com a progressão do homossexualismo. O discurso médico era ambíguo. Não ignorava completamente a prática, mas se mostrava discreto em seus comentários sobre o Cânon de Avicena, que a menciona por repetidas vezes. Jacques Despars, médico do século XV, foi mais explícito. Amplificando o tratamento preconizado por Avicena, detalhava os castigos aos quais os homossexuais deveriam ser submetidos. Mantinha, porém, um prudente silêncio em relação à pedofilia. Depois de ter conhecido o texto aviceniano, concluiu que poderia relatar muitos outros tipos de coitos sodomitas, mas preferiu se calar. A natureza humana, com sua tendência ao mal e desejosa de novas concupiscências, correria riscos se decidisse praticá-los.

A mesma prudência se manifestava entre os confessores: por querer informar demais, corria-se o risco de que homens e mulheres cometessem pecados desconhecidos até então. Mesmo assim, no final da Idade Média os processos contra os sodomitas se multiplicaram. Um controle da vida privada – mesmo que não se possa exagerar na importância da repressão – foi instaurado. Se as práticas não eram novas, a visão que a sociedade tinha delas havia mudado. Foi preciso esperar até 1568 para que Pio V tomasse medidas mais severas que as editadas no III Concílio de Latrão, determinando que os clérigos e monges sodomitas perdessem seu estatuto e fossem entregues ao braço secular.






Artistas gravam vídeos em apoio ao casamento civil gay



Ney Matogrosso, Mariana Ximenez e Arlete Salles participam de campanha pela legalização da união entre pessoas do mesmo sexo

Ricardo Donisete, iG São Paulo | 13/04/2012 08:13

   A luta pela legalização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo acaba de ganhar um reforço de peso.   
   Um grupo grande de artistas de diversas áreas gravou vídeos apoiando a causa. Os depoimentos de pessoas como Sandra de Sá, Mariana Ximenez e Arlete Salles, entre outros famosos, fazem parte da campanha "Eu Sou", que pede a aprovação no Congresso Nacional de uma proposta de emenda constitucional (PEC) que dê garantias legais aos casais gays.
                                                                                Na série de vídeos, os artistas vestem camisetas brancas que levam a inscrição “Casamento Civil Igualitário”, que é justamente o nome da PEC. Em seu depoimento, o cantor Ney Matogrosso conclama: “Os mesmos direitos com os mesmos nomes”. Já a cantora Zélia Duncan levanta uma questão. “O mundo precisa de amor. É muito louco que alguém possa ser contra o fato de duas pessoas se amarem”, indaga Zélia.
  Liderada pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), a campanha também começa a recolher a partir desta sexta-feira (13) assinaturas num abaixo-assinado favorável à PEC. A emenda propõe que as uniões gays tenham as mesmas garantias constitucionais dos casais heterossexuais. No texto atual, a constituição brasileira só reconhece a união familiar entre um homem e uma mulher.
  Apesar disso, tribunais brasileiros têm tomado decisões favoráveis aos casais gays. Alguns homossexuais, por exemplo, conseguiram colocar seus parceiros como dependentes nos seus planos de saúde. http://delas.ig.com.br/comportamento/artistas-gravam-videos-em-apoio-ao-casamento-civil-gay/n1597740345437.html



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